A ORIGEM E AS MÚLTIPLAS FACES DA LINHA DOS BAIANOS NA UMBANDA

A ORIGEM E AS MÚLTIPLAS FACES DA LINHA DOS BAIANOS NA UMBANDA
Umbanda

05/09/2024

Benção irmãos de Fé,

Aproveitando a fala do pai sobre a presença dos malandros nas giras de direita, especialmente na de baianos, resolvi explicar um pouco sobre a linha dos baianos, sua origem, importância e principalmente o motivo dela abrigar tantos arquétipos diferentes.

*Explicando a origem da linha dos baianos, a presença dos malandros*

No início da umbanda, o nosso amado culto, foi introduzido sobre um triângulo de entidades (pretos-velhos, caboclos e erês), as linhas Originais ou linhas Primárias, poucos meses as entidades de esquerda começaram a se apresentar como linha de trabalho, ainda sob muita cautela e sob olhar muito desconfiado daqueles que frequentavam o culto (engraçado não, hoje é esquerda que lota, no início era exatamente o contrário). Essas três linhas se baseavam na pureza das crianças como seres ligados aos orixás, muitas vezes atuando como mensageiros dos mesmos, a figura valente dos caboclos doutrinando e ensinando o culto e homenageando o nativo indígena brasileiro, a serenidade e sabedoria dos pretos velhos representando o povo preto, símbolo de paz e de resistência e grande homenagem ao povo bem sofrido. Basicamente, a umbanda iniciou-se buscando arquétipos que se aproximavam do cotidiano brasileiro (muitos brasileiros já adoravam se consultar com pajés e pretos conhecedores das magias dos Orixás). Não faria sentido começar o culto com cavaleiros romanos ou magos de Oriente.

Porém, amados irmãos, a Umbanda nasceu para representar todos os povos, reconectar o homem as forças divinas da natureza, resgatar religiões e seitas perdidas pelo tempo, incorporar a cultura dos Orixás de forma ampla e bem-aceita, permitir o bem e a caridade de centenas de milhares de espíritos que se voluntariaram (e voluntariam até hoje) para ajudar descendentes, familiares, irmãos como um todo, entre outras funções que nosso Divino Pai Oxalá pensou e criou. Essa formação inicial conseguiu se espalhar rapidamente pelo Sul-Sudeste brasileiro, porém sempre houve dificuldades de incorporar alguns conceitos no Norte/Nordeste, até mesmo por resistência de cultos de candomblé.

Outro ponto que estava em aberto era sobre o culto da ancestralidade, muitos pensam que a figura do preto-velho foi criada para tal, o que tem certa verdade, porém faltava um espaço para que os primeiros umbandistas e grandes cultuadores dos orixás pudessem atuar quando desencarnarem, a maioria das religiões tem doutrinas e destinos bem conhecidos para seus familiares (uns prometem o Céu, outros o descanso eterno, o umbandista não tinha destino traçado, para onde iria tanto conhecimento adquirido ao longo da vida material desses nobres irmãos? Seria justo acabar tudo no desencarne?). Essas perguntas e problemas, foram respondidos numa simples medida: a criação da linha dos baianos.

Originalmente, a linha dos baianos veio para permitir que grandes cultuadores, conhecedores das ‘mandingas’, umbandistas iniciantes que gostariam de continuar ajudando os terreiros pudessem incorporar seus saberes e conselhos aos encarnados, homenageando o povo baiano e permitindo uma maior inclusão. Só que o Nordeste/Norte não foi feito só para baianos, um povo muito aguerrido e sofrido ao ir para o espiritual viu na umbanda um modo de continuar ajudando irmãos e familiares, estava incorporado ao culto os cangaceiros que vem junto dos baianos ‘originais’ (facilitando ainda mais a incorporação da umbanda pelo Brasil). Por fim, como a Umbanda é para todos, nunca parada e sempre aberta para novos saberes e culturas, conseguiu se juntar aos saberes da Jurema, um culto muito forte no Nordeste, mestres juremeiros sob a figura de malandros, liderados pela figura popular de nosso querido Zé (Zé Pelintra é um mestre juremeiro que saiu de Alagoas para o Rio de Janeiro). Estava incorporado os malandros na direita das linhas de baianos, mais leves, mais curandeiros, como todo bom mestre juremeiro. É por isso que muitos irmãos possuem malandros que atuam tanto na esquerda como à direita, mudando drasticamente o modo de trabalho e seus jeitos. Isso não impede o médium de ter um baiano, um cangaceiro e um malandro.

Os cultos aos baianos têm grande ligação com a Mãe Iansã, sua face doce como uma borboleta, assim como o sorriso e abraço de uma baiana, como a face de búfalo, mostrada pela guerrilha dos valentes cangaceiros. E por toda essa ligação de ancestralidade, já que nossa amada mãe é conhecida como a Senhora dos Eguns. É por isso que muitas vezes esta linha é representada em cores quentes como amarelo, laranja e vermelho.


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